A reconstrução cirúrgica e estética da mama é uma realidade para quem é o primeiro passo para ultrapassar uma das mais difíceis etapas da doença.
Por Natacha Gonzaga Borges
Para a mulher, a perda de uma ou de ambas as mamas pode representar uma mutilação com repercussões psicológicas, sociais e familiares de grande intensidade. Qualquer ideal de beleza feminina contempla seios bonitos e firmes. Por este motivo, a mastectomia constitui, invariavelmente, uma das mais difíceis etapas de ultrapassar num processo de cancro da mama.
Um facto incontornável é que a incidência da patologia está a aumentar, sendo actualmente responsável por cerca de 360 mil novos casos na Europa, todos os anos. O cancro da mama é, aliás, a forma mais comum deste tipo de patologia entre as mulheres, constituindo a primeira causa de morte entre os 35 e os 55 anos, de acordo com a Sociedade Portuguesa de Senologia.
Todos os anos surgem em Portugal mais de 4000 novos casos e morrem 1500 pessoas vítimas desta doença que, quase sempre, inclui actos cirúrgicos no seu tratamento. Na maioria dos casos, contudo, as pacientes podem ser reabilitadas através da reconstrução cirúrgica e do implante de próteses. Com resultados muito animadores.
Uma mastectomia implica a remoção total da mama. Já num tratamento conservador é apenas efectuada uma remoção parcial de um quadrante – esvaziamento da axila onde se encontra localizado o tumor, o que permite manter grande parte da mesma (mais de dois terços), sendo posteriormente submetida a radiações.
No entanto, o tratamento conservador é apenas usado em algumas mulheres, porque a mama restante pode continuar a inspirar preocupação. A decisão de proceder a uma mastectomia depende de critérios clínicos, imagiológicos e de prognóstico, mas também do próprio doente.
“Se é efectuado um tratamento conservador que irá sujeitar uma mulher na casa dos 20 ou 30 anos a radiações, o médico terá de ponderar com a doente se esta será capaz de seguir um controlo clínico apertado, antes da tomada de decisão”, explica José Rosa, especialista em cirurgia plástica, reconstrutiva e estética.
Se a decisão clínica apontar para a necessidade de realização de uma mastectomia, as pacientes podem ser posteriormente reabilitadas quer através da reconstrução cirúrgica mamária com tecidos da própria paciente ou com recurso a próteses.
“São poucos os casos em que a reconstrução não se deve fazer: ou por doença avançada e com prognóstico grave ou por insuficiente motivação da paciente para a reconstrução. Qualquer pessoa mastectomizada tem, à partida, a possibilidade de a poder efectuar (faz parte dos protocolos de tratamento do cancro da mama). E, na generalidade das situações, a reconstrução da mama pode ser planeada e efectuada de imediato”, afirma José Rosa. Contudo, o cirurgião reconhece que muitas mulheres ainda permanecem meses em listas de espera hospitalares, às vezes, anos.
Quando existem factores de risco para a mulher, a reconstrução pode ser decidida à posteriori, após avaliação em consulta multidisciplinar, habitualmente composta por um especialista em oncologia médica, um cirurgião, um psiquiatra ou psicólogo e o próprio doente.
Nos casos de mastectomia em que subsiste pele e músculo suficientes, procede-se frequentemente à introdução imediata de prótese submuscular. Existem vários tipos de próteses com texturas diversas, de volu- me fixo ou variável.
Se não, após a mastectomia é colocada uma prótese expansora, na qual é feito um enchimento com soro fisiológico, ao longo de semanas. O volume de expansão será superior ao volume final pretendido, de forma que, após a sua redução, os tecidos distendidos se aproximem dos da outra mama.
Decorridos dois a três meses, a prótese expansora é substituída por uma prótese definitiva. Actualmente, as mais usadas são as de silicone gel coesivo.
Os retalhos estão indicados e são a única solução quando a prótese não é necessária ou está contra-indicada. Uma cirurgia com retalhos mais pequenos da face anterior do tórax pode facilitar a cobertura de uma prótese. Outras cirurgias, mais morosas, podem fazer-se com retalhos da parede posterior do tórax (grande dorsal) ou do abdómen. O cirurgião pode efectuar o máximo no mesmo tempo cirúrgico mas, muitas vezes, são necessárias duas operações: uma grande cirurgia e retoques, daí a algum tempo.
“O número médio é de 2,8 cirurgias em cada mulher mastectomizada, ao fim de 10 anos. A primeira intervenção pode ter ficado bem e ao fim de uns anos a mama boa ter descaído, e a tratada não; ter aumentado ou diminuído, e haver a necessidade de retoques. Desta vez, pequenas ou médias intervenções, com anestesia local”, adianta o cirurgião José Rosa.
O grande dorsal proporciona um volume de tecidos com boa circulação que podem ser transpostos para a face anterior do tórax. Quando esse volume é insuficiente pode ser complementado com a introdução de uma prótese.
Já os tecidos do abdómen estão frequentemente disponíveis em volume suficiente para cobrir a área amputada e construir uma boa proeminência, dispensando o recurso à prótese. Segundo José Rosa, “é provavelmente o método mais praticado e o que pode dar melhores resultados estéticos finais”. Pode ser praticado logo a seguir à mastectomia ou um tempo depois. Está indicado em alguns casos em que o método das próteses ou dos expansores falhou.
Num número muito significativo de situações, contudo, a parede abdominal fica enfraquecida e abaulada e pode exigir reparação secundária, “o que constitui um dos principais inconvenientes do método”, reconhece o especialista em Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética.
Em qualquer dos métodos de reconstrução permanecerá uma cicatriz de 15 a 20 centímetros, por isso o cirurgião procurará que esta fique coincidente ou com a linha da parte de cima de um fato de banho ou, se for na barriga, com a linha dos calções do biquini. O mesmo acontecerá se os tecidos forem retirados da nádega.
O cirurgião plástico pode actuar na mama boa para a equilibrar com a outra, aplicando procedimentos da cirurgia estética à cirurgia reconstrutiva. Mas é impossível, com os métodos actualmente conhecidos, obter uma igual à outra. Por isso, quando a diferença é grande, é efectuada uma mamaplastia da mama sã. Sobretudo quando esta é muito volumosa e descaída.
São vários os métodos utilizados na reconstrução da aréola e do mamilo. A aréola pode ser reconstruída com parte da aréola do lado oposto, sob a forma de enxerto, e serem aplicados pigmentos, como numa tatuagem. A sensibilidade da pele fica bastante diminuída e o mamilo deixa de ser um órgão eréctil. No entanto, a capacidade de sentir prazer através do toque nunca desaparece.
PREVENÇÃO
Um tumor maligno consiste num grupo de células alteradas que pode invadir os tecidos vizinhos e disseminar-se (metastizar) para outros órgãos do corpo. Na fase inicial, o cancro da mama pode ser tratado antes que se espalhe, quando as hipóteses de cura são maiores, os tratamentos menos agressivos e não mutilantes. A realização do auto-exame é fundamental para detectar o cancro da mama. Os principais sinais de alerta são a retracção do mamilo, a mama vermelha e a existência de nódulos palpáveis.
PÓS-OPERATÓRIO
Quando a reconstrução mamária foi introduzida em Portugal, no início da década de 80, a qualidade da técnica era muito semelhante à actual. No entanto, apenas 1 a 2% das mulheres que tinham feito uma mastectomia é que tinham a possibilidade de a realizar, além de implicar longos internamentos. Actualmente, se a paciente tiver um emprego fisicamente exigente, poderá ir trabalhar ao fim de um mês. Se não, voltará ao activo em sete dias.
COMPLICAÇÕES POSSÍVEIS
O plano global de tratamento deverá ser ponderado e explicado às pacientes, com indicação dos riscos, tempo de abstenção laboral e custos. De modo realista, para que não se criem falsas expectativas.
“A cirurgia reconstrutiva da mama contribui para melhorar a auto-imagem da mulher, mas podem ocorrer complicações como em qualquer outra cirurgia. Desde hematomas ou hemorragias – as mais comuns –, reacções imprevistas a anestésicos, enfarte de miocárdio, reacções inflamatórias nos tecidos ou a rejeição dos implantes. Estas complicações existem, mas são raras”, aponta José Rosa.
O risco tromboembólico existe sobretudo na cirurgia de retalho abdominal. Mas, de acordo com a Associação Americana de Cirurgia Plástica, com base em 26 562 plastias abdominais efectuadas por 935 cirurgiões plásticos, 2% foram complicações graves e destes apenas 11 casos (0,04%) foram mortais.
Algumas mulheres passam a ter dor crónica nas costas e/ou peito, quer as que foram submetidas a radioterapia quer as que procederam a reconstrução com prótese. Contudo, 1% a 2% sentem mais dor após a colocação da prótese e pode-se colocar a hipótese desta ser retirada.
in Máxima
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