Um pequeno nódulo na mama direita incomodava António Mateus há cerca de dois anos. "Mas como não doía deixei andar", conta o septuagenário, que nunca suspeitou que o diagnóstico fosse cancro da mama.
Quando foi ao médico procurar ajuda, o tumor já tinha três centímetros de diâmetro. Foi submetido a uma cirurgia em que lhe retiraram parte da mama e fizeram um esvaziamento axilar dos gânglios linfáticos. "Agora estou bem, mas não ganhei para o susto e ainda levo com brincadeiras. Onde já se viu um homem com doença de mulher?", ironiza.
O cancro da mama não é apenas um problema feminino, embora seja raro entre o sexo oposto. Em cada 100 casos, há um homem com esse diagnóstico. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2007 morreram 14 homens com cancro da mama, menos nove do que em 2008 – ano em que se registaram 23 vítimas mortais, a maioria entre os 70 e os 80 anos, avança o Diário de Notícias.
Esta doença é mais comum depois dos 60 anos e poucos se apercebem dela. "Como não estão atentos a este problema, é muitas vezes diagnosticado tarde, tornando-se mais difícil de tratar", reconhece João Moura Pereira, Oncologista no IPO de Coimbra e presidente da Sociedade Portuguesa de Senologia.
“Qualquer alteração é altamente suspeita”
No entanto, é mais fácil de detectar do que nas mulheres, "uma vez que os homens não têm gânglios mamários e qualquer alteração na zona do peito é altamente suspeita", explica por sua vez Jorge Soares, Oncologista no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, onde aparecem em média dois casos por ano.
Os sintomas da doença são comuns a homens e mulheres: nódulos na mama, alteração do tamanho, na forma ou na pele da mama e do mamilo e erupção cutânea.
A terapia também só difere no tratamento hormonal, porque é em tudo o resto semelhante – cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Habitualmente, é realizada uma mastectomia, porque há pouco tecido na mama e o tumor aparece geralmente junto ao mamilo. Os gânglios linfáticos próximos do peito, na zona da axila, também são retirados, para evitar que o cancro se espalhe pelo resto do corpo.
Segundo João Moura Pereira, o risco de cancro da mama aumenta com um historial de casos na família, mas também se o homem apresentar elevados valores de estrogénio (hormona sexual feminina) e valores baixos de androgénio (hormona masculina).
A exposição a níveis elevados de radiação – que pode ser provocada por tratamentos – também pode ter influência no aparecimento deste tumor.
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