O elevado número de doentes em lista de espera para primeira consulta nos hospitais públicos deve-se ao fecho de unidades de saúde e perdas de valências nos hospitais, considera o Movimento de Utentes na Saúde.
As listas de espera para primeira consulta nos hospitais públicos atingem 380 mil doentes, segundo dados de um inquérito aos hospitais realizado no ano passado pela Inspecção-Geral do Ministério da Saúde e divulgado quinta-feira pela TVI.
Comentando a notícia, Manuel Villas-Boas, do Movimento dos Utentes da Saúde (MUS), lembrou que "a questão das listas de espera não é de agora".
"Temos alertado por diversas vezes o Ministério da Saúde, mas este teima em dizer que estão no bom caminho, apesar de não terem resolvido o problema até agora", sublinhou o mesmo responsável.
Para Manuel Villas-Boas, o problema está também relacionado com "o fecho de muitas unidades de saúde e a perda de valências nos hospitais públicos".
Manuel Villas-Boas considerou que é necessária uma mudança profunda em todo o sistema de funcionamento do Serviço Nacional de Saúde, o que, em sua opinião, não está a acontecer.
"Há um mal-estar geral na área da Saúde. E depois há situações caricatas. Fecham unidades na área pública porque não existem condições de funcionamento e logo a seguir vêm os privados tomar conta", criticou.
O responsável do MUS afirmou que "há o intuito de acabar com o Serviço Nacional de Saúde, em vez de o promover".
Um total de 382.866 doentes espera uma primeira consulta com um médico especialista hospitalar, em regra marcada depois de um diagnóstico de doença ou suspeita de doença nos Centros de Saúde, segundo o inquérito da Inspecção-Geral do Ministério da Saúde.
Somando consultas e cirurgias, há quase seiscentos mil doentes em lista de espera nos hospitais públicos, mais de cinco por cento da população.
O Ministério da Saúde está a implementar um programa de combate às listas de espera para consultas externas, semelhante ao que existe para as cirurgias, que passa pela informatização de todos os hospitais e Centros de Saúde e pela gestão centralizada de informação.
Fonte do gabinete de Correia de Campos disse hoje à Lusa que estes números podem não ser fiáveis pela possibilidade de se contabilizar, por exemplo, um mesmo pedido de consulta em dois hospitais diferentes.
Um levantamento mais exaustivo das inscrições para primeira consulta está a ser feito, segundo a mesma fonte, no âmbito do programa "Consulta a Tempo e Horas".
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