"A Alimentação para o Doente Oncológico" sublinha a importância da nutrição para aqueles que sofrem de cancro
A desnutrição é um problema grave para quem sofre de cancro. A doença e os tratamentos podem contribuir para falta de apetite, alterações no gosto e cheiro dos alimentos e mesmo repugnância por algumas comidas. Como consequência, 65 a 70% dos doentes oncológicos podem vir a perder peso de forma significativa. Sem o acompanhamento nutricional adequado, o seu estado geral deteriora-se, levando à desnutrição, limitações na capacidade funcional e pior qualidade de vida. Estas são as principais conclusões da reunião técnica de apresentação do livro "Alimentação para o Doente Oncológico", promovida pela Bayer Schering Pharma, que tem como autoras a Professora Doutora Paula Ravasco e Professora Doutora Maria Ermelinda Camilo.
«Todos os anos são diagnosticados 30 mil novos casos de cancro em Portugal. Uma patologia que pode ser evitável em 50%, através de uma alimentação equilibrada e adopção de estilos de vida saudáveis. Para os doentes oncológicos, o aconselhamento e acompanhamento nutricional individualizado é fundamental para a recuperação. Caso contrário, podem acabar por morrer de desnutrição e não da doença», defende a Professora Doutora Isabel Monteiro Grilo, Directora do Serviço de Oncologia e Radiologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte (Hospital Santa Maria e Pulido Valente). Os tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia estão associados a efeitos secundários que podem ir desde: dificuldade em engolir, dor ao mastigar, aftas na boca e garganta, falta de apetite, náuseas e vómitos. «Uma alimentação equilibrada e adaptada a cada caso ajuda o organismo a tolerar melhor os tratamentos, contribuindo para reduzir a morbilidade e potencialmente melhorando a resposta às terapêuticas. De acordo com ensaios clínicos que temos vindo a realizar, há uma melhoria efectiva em 85% dos casos», explica a Professora Doutora Paula Ravasco, Nutricionista e Investigadora no Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa.
A nutrição influencia o processo de tratamento, sendo que em doentes muito debilitados pode ser necessário interromper o tratamento por intolerância marcada. Sendo a única coisa que o doente pode controlar, a alimentação é considerada como essencial para manter uma vida activa e conseguir enfrentar os efeitos secundários das terapêuticas. Desta forma, o aconselhamento nutricional deve ser integrado no tratamento global da doença oncológica, sendo revista regularmente e adequada aos hábitos e preferências do doente, estado nutricional, sintomas e patologia. Nos casos em que ocorre perda de peso significativa, o reforço da dieta em alimentos calóricos e protéicos é uma estratégia importante para fazer a diferença entre a morbilidade e qualidade de vida.
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