"Sair de um blog sem comentar é como visitar alguém e ir embora sem se despedir..."
Segunda-feira, 29 de Agosto de 2011
Os voluntários do Núcleo Regional do Norte (NRN) da LPCC trabalham no IPO do Porto, onde se comprometem a dispensar, no mínimo, três horas por semana para dar apoio aos doentes oncológicos e familiares. Mas nem todos chegam a essa fase. É seleccionado um grupo de cerca de 60 voluntários, que contrasta com os 200 a 300 pedidos que existem todos os anos. Os eleitos escolhem depois entre serviços como o Café com leite", serviço de acolhimento e o movimento Vencer e Viver.
O primeiro serviço consiste na oferta de cevada, sumo de laranja e biscoitos aos doentes e suas famílias.
O movimento Vencer e Viver é especificamente para doentes com cancro da mama. Aqui, os voluntários são, obrigatoriamente, antigos pacientes. "Sou mastectomizada bilateral, fiz reconstrução mamária aos 64 anos e aconselho", explica Ercília Cardoso, voluntária. Já o serviço de acolhimento é mais visível nos corredores. Os voluntários vagueiam pelo piso da entrada principal à procura de alguém que lhes pareça inquieto. Sorriem ao doente e dizem "Olá". É o mote para o início de conversa. Nunca se fala do motivo pelo qual estão ali. Aos poucos, conhecem os doentes e criam laços. António Cruz sofreu, recentemente, uma perda grande. "Deixei-me envolver demasiado. Ainda ligo aos pais desse doente. Fazemos voluntariado, por vezes, até ao funeral."
DISCURSO DIRECTO
"VOLUNTÁRIOS TÊM ESTÁGIO DE SEIS MESES", Vítor Veloso, Pres. LPCC Núcleo Regional Norte
Correio da Manhã Qual é o método de selecção dos voluntários?
Vítor Veloso Vão às entrevistas com a responsável do voluntariado e uma psicólogae passam por uma formação intensiva com exame. Têm um estágio de seis meses a trabalhar ao lado de voluntários titulares.
Apesar de haver lista de espera, continuam a aceitar candidaturas?
Há necessidade de voluntários. Em Setembro, vamos começar a prestar apoio no Hospital de Santa Maria da Feira.
Há algum motivo para o Núcleo Regional do Norte ter tantos voluntários?
O IPO do Porto é o maior centro de oncologia do País. E considero o grupo de voluntariado o melhor do País.
Está desde 2003 à frente do NRN. Nunca pensou em desistir?
Esta é a minha grande causa. É um papel difícil mas nuncapensei em desistir.
O MEU CASO: MARIA AURORA
"É UM SERVIÇO DE SACERDÓCIO"
Maria Aurora trabalha há oito anos como voluntária no IPO do Porto, onde é conhecida por Maria. Mas já tem uma alcunha. "Sou a Joaninha, porque ando sempre com os braços abertos", diz, com os olhos a brilhar.
A bancária, residente no Porto, chega ao coração dos doentes através do abraço. "Há uma frase que define muito bem a palavra acolher: é o abraçar", lembra.
Começou no serviço Café com leite, ou miminho do estômago como lhe chama, mas cedo se apercebeu de que os "doentes precisavam também de alimento para a alma". Passou a estar também no serviço de acolhimento, onde ninguém escapa ao seu olhar. "Deambulo pelos corredores e, quando vejo doentes cabisbaixos, digo bom dia. É como se fosse um nascer do Sol. Depois, a conversa flui", explica.
Tem sempre um sorriso e um abraço para dar. "Lembro--me do nome de todos os doentes", garante. O seu papel, resume, é "um serviço de sacerdócio". Só há um serviço que a deixa melindrada. "A pediatria. Ainda não estou preparada", revela, com a voz embargada.
Fonte: Correio da Manhã
Quarta-feira, 10 de Agosto de 2011
10 de Agosto
Data que me marcou...data que separa o antes e o depois...
Há 5 anos atrás perdi uma parte de mim, doloroso, verdade, muito...
Quem passou pelo mesmo, sabe do que falo...são sentimentos confusos, temos que ter realmente uma capacidade enorme de aceitação.
De olharmos ao espelho e gostarmos do que vemos, mesmo faltando algo.
Preparei-me durante 6 meses para este dia...e acho que mais ou menos consegui fazer desse dia, um dia menos doloroso para mim...
Isso consegue-se é uma questão de mentalização.
Mas nestes 5 anos, ganhei tanta coisa, uma coisa não compensará a outra, mas provavelmente nada acontece por acaso...
Estou cá, estou viva, VIVA!, Tchim, Tchim...
Viva a vida...