"Sair de um blog sem comentar é como visitar alguém e ir embora sem se despedir..."
Quarta-feira, 20 de Janeiro de 2010

19 de Janeiro de 2006

Como o título indica, reporto-me ao ano de 2006

 

Era quinta-feira, dia em que o hospital realizava as consultas de decisão terapêutica, uns dias depois de me terem entregue a carta com a data e nome da consulta, é que me inteirei e tive noção que sendo uma consulta de decisão terapêutica, iriam decidir o que fazer no meu caso, logo só me podia vir à ideia, que a coisa não seria nada boa.

 

O dia foi grande, a manhã custou a passar, porque estava impaciente, desejando que chegasse a hora da consulta.

Depois de ir à campa da minha tia e avó, e depois de almoçar, fui com minha irmã Célia, ao hospital, ás consultas externas (ainda me lembro o que tinha vestido e tudo), e depois de esperar horas para ser atendida, fui chamada

A minha irmã entrou comigo, lá dentro esperavam-nos uns quantos médicos, enfermeiras. Um dos médicos, percebi que seria o chefe de equipa, tomou a palavra para dizer: A Isabel, está aqui e sabe que a noticia não é boa, a Isabel tem um carcinoma da mama maligno.

 

Caiu-me o mundo em cima...

 

Chorei, berrei, solucei...foi horrível, eu sabia o que era o cancro da mama, eu tinha visto a minha tia a sofrer, a minha tia a morrer, não queria acreditar, o que tinha pela frente.

Lá me acalmaram,   eu virei-me para eles e disse, sabem qual era a minha opinião, quando falava se um dia tivesse uma coisa dessas ao semelhante, não iria fazer tratamento nenhum, iria ficar ao sabor da doença. Mas perante a realidade essa opinião tinha ficado por terra, queria-me curar. E viver muitos anos.

Perguntei se ia fazer quimio, se ia ficar sem mama, sem cabelo... as respostas iam sendo afirmativas. Saber de isto tudo num dia, num instante, tanta coisa que iria mudar, pensava eu...Mas teria que enfrentar, teria que ter força, coragem e esperança, que tudo seria uma fase.

Foi com esse sentimento que sai da consulta.

Foram-me mostrar a sala de quimio, falei com as enfermeiras, lembro-me de ter falado com uma delas, a dizer que ia deixar o Jorge, porque não queria que ele sofresse por minha causa.

Fui ainda fazer análises e no outro dia às 9 horas teria que estar lá, para começar o meu primeiro tratamento.

Consegui contar pelo telefone à minha mãe, a minha irmã Célia, não estava a conseguir, a minha prima Mila, foi ter connosco ao hospital, estranhou estarmos a demorar.

Liguei ao Jorge, contei-lhe que estava com cancro da mama, as palavras dele, foram que vamos ultrapassar e claro que já não consegui dizer o que tinha pensado no hospital.

Quando cheguei a casa abracei todos e chorei.

A minha irmã, Sónia ia entrar as 6 e so saia as 22, tive que a enganar a dizer que também ia trabalhar, na altura ela estava no modelo e eu na pt, em part time. Sei que deve ter sido díficil para ela, não ficar ali comigo.

Contei aos meus amigos mais próximos.

Fui ter com o Jorge, explicar tudo melhor e como se esperava só ouvi palavras de conforto.

Tive muito apoio, a força começou a aumentar, a esperança também.

Estava preparada para enfrentar os meses que se seguiam, para o processo de cura.

Não conto isto, para me lamentar, nem com sentimentos nostálgicos, conto porque foi um momento menos feliz da minha vida, que considero que é de partilhar, sofri, mas estou aqui, é este sentimento de vitória que quero transmitir.

Dia 20, as 9 já lá estava, apesar do tratamento só ter começado perto das 13 horas.

Nessa espera, a Carla chegou-me ao pé depois de ir saber o resultado da biopsia dela a dizer que também tinha cancro da mama.

Eu já estava com uma carga de positivismo em cima e as minhas palavras para ela foram, que íamos conseguir.

Íamos dar um ano, à doença. E depois era viver a vida em grande.  

Foi estranho, sentir aquela coisa gelada pela veia a cima, sintomas só tive a queda do cabelo, deste primeiro tratamento.

Peço é muito e sempre que Deus que me mantenha com saúde.

Muitas mais datas ficaram na minha mente, mas o mês de Janeiro, foi um dos que mais marcou, por isso, fiz esta referência, mais pormenorizada. 

Como alguém diz  

"Uma doença grave é uma fase muito importante na vida de uma pessoa mas não é obrigatoriamente o fim dessa vida"

 

sinto-me:
Postado por Isa às 12:49
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12 comentários:
De Desconhecido a 20 de Janeiro de 2010 às 16:09
muita coragem, e a maneira como falas hoje é incrivel, não ficar mal com a vida, é bom, para ser ainda mais feliz
De Lina a 20 de Janeiro de 2010 às 16:14

Beijinhos Isa acabei de saír do blog da Carla e estava a pensar nisso que tinhas as mesmas datas.Image
Passaram estes anos e aqui estão lindas e com saúde!Image
Parabéns pelas conquistas!
Eu de datas olha...não lembro quase nada...só o dia da operação e...no Brilho escrevi 10 Março e eu acho que é 11...fiquei muito esquecida...

Beijinhos e um abraçinho
De Natty a 20 de Janeiro de 2010 às 16:19
Olá minha querida Isa! estou emocionada!! Foram realmente momentos terríveis, mas o importante é que estás bem, tudo passou e agora recordar é VIVER. Deus, está sempre por perto é preciso que estejamos atentos.
Xisinho cheio de carinho para ti e para o teu Jorge.
Natty
De Nela a 20 de Janeiro de 2010 às 16:32
Beijinhos, Isa!
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De Ana Paula a 20 de Janeiro de 2010 às 16:56
Pois é amiga, o importante é estarmos cá, mas teremos sempre datas e momentos para recordar e ainda bem que assim é.
Beijinhos
De zeza a 20 de Janeiro de 2010 às 17:30
Nunca passei pessoalmente por essa noticia mas fui a 1ª a saber da minha mae e pai..sei lá amiga.. fico aflita quando leio estestas hiostorias ,.. pois fico sempre com a sensação k um dia serei eu..mas nao nao vou pensar nisso.. bjo doce e és uma mulher de força e coragem.. e continuaras a ser por muitosssssssssssssssss  anos..
De carla grileiro a 20 de Janeiro de 2010 às 18:00
Amiga é verdade, momentos que passamos, lembro-me como se fosse hoje a sms que me mandaste antes da minha consulta e os momentos que se seguiram
 Deus ha-de dar-nos muitos anos de vida, para juntas recordarmos todos os anos esta data.
Beijos e vamos viver a vida em pleno...
De Alexandra Magro a 20 de Janeiro de 2010 às 21:44
Emociono-me sempre quando leio estes teus depoimentos...lembro-me desse dia como se fosse hoje, não queria acreditar! Porque recebi a noticia das duas ao mesmo tempo...achava que era irreal! Mas não era...era pura realidade!
 Sempre soube que íam conseguir ultrapassar essa fase e vencer a doença, nunca tive duvidas, não sei se conseguiria reagir assim se fosse comigo! Mas...ao olhar para vocês achava e sentir a energia positiva que transmitiam, era de caras a cura.
Hoje após 4 anos vejo-vos como umas GRANDES LUTADORAS, UMAS GRANDES MULHERS COM CORAÇOES DE OURO...tenho um orgulho enorme em ser vossa amiga e de ter aprendido muita coisa com vocês...sem duvida uma referencia para mim!
E que venham pelo menos mais 4444 anos de vida ;) .
bjokas
De Ester a 21 de Janeiro de 2010 às 09:33
Olá,

Fiquei emocionada c/ o teu relato....senti o mesmo....!!
mas o k interessa é que vencemos... e toca a viver a VIDA.., não nos podemos esquecer nunca destas frases : "NÃO VENCI TODAS AS VEZES K LUTEI MAS, PERDI TODAS AS VEZES K DEIXEI DE LUTAR". Fica bem ... Bj.grande - Ester  Image
De Desconhecido a 21 de Janeiro de 2010 às 15:09
Olá Isabel

Parabéns pela coragem de relembrares esses momentos e partilhares e pela tua energia em manteres actualizado o blog . É meritória a tua acçaõ de informação e apoio das mulheres com cancro da mama. Eu não me lembro de datas nem fiquei muito assustada  com o diagnóstico ( tudo pode acontecer a todos ) e achei sempre que vou vencer o cancro da mama, mesmo agora que fui operada a uma metástase no cérebro.

Beijinhos Isabel

Amélia
 

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