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Sexta-feira, 25 de Junho de 2010
É um robô feito para operar - o único da sua "espécie" em Portugal - e foi esta semana utilizado pela primeira vez, avança o Diário de Notícias (DN). A cirurgia, uma prostatectomia radical, para extrair um tumor na próstata num doente de 50 anos, "correu muito bem", garante o director da equipa de Urologia do Hospital da Luz, José Vilhena-Ayres.
Trazer os robôs para a sala de operações permite ultrapassar as limitações das mãos e visão dos médicos. Por isso, é especialmente útil em operações para remover tumores, permitindo ao mesmo tempo preservar os tecidos saudáveis. Numa operação robótica à próstata, por exemplo - como as duas que foram feitas esta semana no Hospital da Luz - essa precisão pode garantir a capacidade de manter uma erecção, explica o DN.
E o cancro da próstata é mesmo o que mais homens afecta em Portugal: todos os anos há cinco mil novos casos e mais de dois mil doentes acabam por morrer. E com o envelhecimento da população há tendência para os números crescerem.
O robô, o sistema cirúrgico robótico Da Vinci, recorre à mesma tecnologia usada pela NASA, a Agência Espacial Norte-Americana, nas suas missões espaciais. Mas na sala de operações é um cirurgião que se senta à frente da consola e controla os quatro braços do robô. Na mesa, o doente é operado - à semelhança do que acontece nas laparoscopias - através de orifícios por onde entram os instrumentos.
"A diferença é que aqui há uma visão tridimensional e a possibilidade aumentar a imagem quantas vezes for preciso", explica ao DN José Vilhena-Ayres. Consequentemente, o robô permite uma cirurgia menos invasiva e mais precisa.
Contudo, a robótica é "apenas" uma ferramenta, que não vai substituir os médicos. "É fundamental que o médico tenha uma grande experiência na cirurgia convencional e laparoscópica", alerta José Vilhena-Ayres.
Este sistema foi aprovado nos EUA em 2000, tornando-se o primeiro a ser usado em salas de cirurgia, e desde então tem sido aperfeiçoado. Há apenas cerca de mil em todo o mundo.
O robô que chegou esta semana ao Hospital da Luz custou cerca de dois milhões de euros, se incluirmos as necessárias adaptações à sala onde vai ficar, revela Isabel Vaz, presidente da comissão executiva da Espírito Santo Saúde.
De acordo com a responsável, o objectivo do hospital é tornar- -se numa unidade de referência a nível europeu. "Não quisemos comprar um brinquedo. Faz parte de uma aposta para trazer doentes para Portugal e já estamos a negociar essa possibilidade com seguradoras estrangeiras", explica.
Até porque, com a recém-anunciada mobilidade dos cidadãos europeus em relação aos cuidados de saúde, a concorrência vai aumentar. Mas, por enquanto, a cirurgia robótica e as suas vantagens estão disponíveis em Portugal apenas para os doentes que possam pagar a operação na unidade privada.
Fonte: POP