Em 1970 (parte) (d)o mundo deprimiu-se com o fim dos The Beatles, celebrou a eleição democrática do marxista Salvador Allende no Chile e regozijou-se com a entrada em vigor do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Mas para a maioria dos bejenses (e, consequentemente, dos baixo-alentejanos) esse ano ficou na memória pelo dia 25 de Outubro, o dia em que "nasceu" o Hospital José Joaquim Fernandes (HJJF), que está em vias de cumprir o seu 40º aniversário.
Ao longo destas quatro décadas, os corredores do Hospital de Beja viram de tudo um pouco pelos olhos de milhares de pacientes, familiares, médicos e enfermeiros que por lá passaram. Quarenta anos de dias e noites guiados pelo espírito de cuidar e tratar o próximo, em que se celebraram muitos milagres e choraram algumas tragédias.
Estes 40 anos "representam muita memória e muita coisa boa. Quando uma instituição deste quilate tem 40 anos de história, isso representa um património extraordinariamente valioso", assinala ao "CA" o actual presidente do conselho de administração da Ulsba – Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (estrutura onde a unidade hospitalar bejense está desde 2008 inserida), Rui Sousa Santos.
Benemérita Dona Lina
A história do hospital de Beja remonta a 1490 e ao então duque de Beja, o futuro D. Manuel I. Durante séculos, a unidade funcionou no centro histórico da cidade, até que a 25 de Outubro de 1970 foram inauguradas as actuais instalações do a partir daí Hospital José Joaquim Fernandes, numa cerimónia que trouxe a Beja o Presidente da República à altura, Américo Thomaz. Um momento que "começou" sete anos antes, em 1963, com um gesto só ao alcance de uma grande mulher como era a recentemente falecida Carolina Almodôvar Fernandes (D.ª Lina, como era carinhosamente tratada por todos) e "registado" para a posteridade nas páginas do Diário da República [em baixo].
"Pela benemérita D. Carolina Almodôvar Fernandes, foram doados ao Estado, para serem aplicados na construção do hospital regional de Beja, bens avaliados em cerca de 14.000 contos, com a condição de ao referido hospital ficar ligado o nome do seu falecido marido, José Joaquim Fernandes, e de a obra estar concluída no prazo de três anos e meio. Segundo estudos já elaborados pela Comissão de Construções Hospitalares, o custo da construção e do equipamento do novo hospital, com capacidade para 200 camas, susceptível de ulterior ampliação para cerca de 300, pode estimar-se em 16.000 contos, pelo que será diminuto o encargo a suportar pelo Estado", lia-se no decreto-lei 45.226 do Ministério das Finanças e Obras Públicas, aprovado pelo Governo da República a 4 de Setembro de 1963.
As obras arrancaram pouco depois, mas só após sete anos de trabalho (o prazo de construção acabou por duplicar) a unidade abriu pela primeira vez as suas portas, ainda que com "as dificuldades próprias de 1970", como recorda o cirurgião Apolino Salveano de Almeida, ligado ao hospital de Beja desde o dia inaugural e seu director de 1980 a 1986 e, mais tarde, de 1994 a 2002.
"Foi uma felicidade muito grande estar a viver ao lado e dentro de toda esta alteração, de toda a gente que passou por aqui e de toda esta dinâmica hospitalar. Arranjei muitos amigos através do hospital", acrescenta o clínico, lembrando "que a seguir a 1975 [o HJJF] esteve sempre no topo dos hospitais escolhidos por internos". "Foi uma casa que muito nos honrou a todos os que cá prestámos serviço e que nós também honrámos com a nossa dedicação", acrescenta com notório orgulho.
Hospital... e escola!
De 1970 a 2010 não foram só os anos que passaram. Também os cuidados médicos evoluíram abissalmente, assim como a realidade da região se transfigurou completamente. Diferenças que se notam, inevitavelmente, naquilo que é hoje o Hospital José Joaquim Fernandes.
"Houve uma evolução francamente positiva, pois este hospital soube não se cristalizar. Acho que houve gente sempre capaz de puxar as coisas para a frente", argumenta Rui Sousa Santos, que sendo natural do Porto está a trabalhar no hospital de Beja desde 2 de Janeiro de 1980. Trinta anos de ligação afectiva à unidade bejense que lhe permitem enaltecer, a título de exemplo, o papel desenvolvido ao longo de décadas por médicos como Jacinto Brito Lança, Horácio Flores (ambos já falecidos) ou João Covas Lima.
"Foram pessoas que marcaram esta casa, pessoas que na altura fizeram a sua opção e que conseguiram marcar a memória desta instituição, sendo responsáveis pela formação de várias gerações de profissionais que hoje têm responsabilidades a nível nacional", sublinha o presidente do conselho de administração da Ulsba, que não esquece o dia 15 de Dezembro de 2006, quando os três médicos foram distinguidos pelo então ministro Correia de Campos com a medalha de ouro do Ministério da Saúde.
"Esse momento foi, para mim, simbolicamente muito importante, porque traduz exactamente o reconhecimento, por parte da tutela, da qualidade daquilo que foi feito" no hospital de Beja, justifica.
Mas se ao longo dos anos o hospital bejense tem sido uma verdadeira "escola" de muitos e bons médicos, tem também sentido na pele algumas dificuldades. Sobretudo, diz Rui Sousa Santos, a "retracção de disponibilidade de médicos no mercado", o que causa grandes "dores de cabeça" em especialidades como Cardiologia, Otorrinolaringologia e Urologia. "E isto limita a nossa capacidade de resposta", vinca.
Futuro em construção
Constrangimentos à parte, se o passado e o presente orgulham Rui Sousa Santos, o futuro enche-o de ambição. Com o projecto da Ulsba a entrar em velocidade de cruzeiro e a qualidade dos serviços a melhorar a olhos vistos, este responsável aponta agora dois grandes projectos ao nível do hardware do HJJF: a construção da segunda fase da unidade e da nova Unidade de Psiquiatria e Saúde Mental.
O primeiro, explica Sousa Santos, é um sonho com 15 anos e para avançar "no contexto actual" está dependente de "uma questão de opção política". "Mas gostaria muito que essa decisão fosse tomada dentro de pouco tempo", continua este responsável, explicando tratar-se de um investimento de 23 milhões de euros que iria dotar o HJJF de um novo bloco operatório, novas unidades de cuidados intensivos e vestiário central, assim como acolher o serviço de urgências e as consultas externas.
"Avançar com este projecto seria um salto qualitativo extremamente grande para esta casa. […] E tendo em conta que a sua entrada em funcionamento coincidiria com o período de ascensão da formação de novos profissionais em Portugal, seriam criadas as condições para que houvesse aqui um novo fôlego na casa", argumenta.
Mais adiantado está o projecto da nova Unidade de Psiquiatria e Saúde Mental, cuja construção deve arrancar na próxima segunda-feira, 16 de Agosto, num investimento de 1,2 milhões de euros. "Somos o único hospital distrital que não tem internamento nesta área, o que levanta problemas", justifica Rui Sousa Santos, lembrando que as actuais instalações da unidade funcionam há 20 anos em quatro apartamentos, "solução provisória" que se transformou, "à boa maneira portuguesa", em "definitivamente provisória", "com todos os problemas que isso representa para os outros condóminos do prédio, que têm tido uma paciência de Job".
fonte: Correio Alentejo
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