Há 4 anos atrás precisamente neste dia, fui operada.
Até Janeiro de 2006, não estava nada familiarizada com o palavrão mastectomia.
Nem mesmo com o caso muito próximo da minha tia, que não chegou a ser operada, eu reti este palavrão.
Mas depois tive 6 meses (durente a quimio) para me habiturar a ele, e quando chegou a hora, estava preparada.
E foi por ai que decidi.
É realmente uma data que fica, na minha memória, embora a minha memória já não ser o que era...
Foi um dia triste, perdi parte de mim.
Não sei se alguma vez disse, mas a parte que eu mais gostava em mim, era as minhas mamocas.
Mas também foi um dia alegre, tive esperança no futuro, vi a vida mais além.
Foi um dia positivo.
E hoje cá estou a comemora-lo.
Viva a vida.
Foi precisamente à 3 anos que fiz a mastectomia, sei que foi da parte da tarde e fui a terceira a ser operada, por ser a mais nova e porque não tinha nenhuma doença paralela.
Tive a ler no meu blog Vida (Agosto de 2006), o que senti nessa altura...o que passei, como me trataram..o ver a cicatriz... a saturação de estar no hospital...
Correu tudo bem, Graças a Deus...
A quem minimizou o meu sofrimento, me acompanhou nessa difícil batalha, o meu muito obrigada...
O que é bom mesmo, é ver que passaram 3 anos da cirurgia...e as coisas continuam bem..é tudo o que peço...é que continue sempre bem.
Os seios são, desde sempre, uma das partes do corpo mais valorizadas sexualmente por homens e mulheres. Qualquer ideal de beleza feminina contempla seios bonitos e firmes. São uma das «fontes» de prazer durante os preliminares e ao longo do acto sexual em si.
Tendo em conta este quadro, amputar um seio pode ser, a todos os níveis, uma experiência traumatizante, após a qual se inicia um processo complicado de recuperação e de adaptação da mulher à sua nova imagem. É preciso muito esforço e força de vontade para enfrentar esta perda.
Muitas mulheres simplesmente não sabem como reagir. «Algumas resolvem isolar-se, esconder-se, deixam inclusivamente de ir à praia. Outras recorrem a métodos estranhos para substituir o volume que antes era preenchido pela mama, ou então passam a vestir-se de maneira nada condizente com a sua idade, com o objectivo de esconder o seu corpo e não perder assim o seu encanto e charme pessoais», explica a Dr.ª Catarina Mexia, psicóloga.
O sexo como reabilitação da mulher
Quando a mulher se vê confrontada pela primeira vez com a assustadora realidade de um cancro, provavelmente as suas preocupações iniciais voltam-se mais para a sua sobrevivência. Mas, logo que foi aplicado o tratamento, outra questão se torna crucial — até que ponto é que a vida destas mulheres volta ao normal, mesmo que o cancro tenha sido controlado.
E para quê falar em sexo, quando esteve em causa a sua vida? O sexo no casal entra neste cenário como um aspecto bastante importante para a reabilitação da mulher. «A existência de uma sexualidade idêntica à que havia antes da cirurgia torna-se fundamental para o retomar de uma vida normal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida», afiança a psicóloga.
A faixa etária de incidência deste tipo de doença é cada vez mais baixa, acompanhada de uma esperança de vida cada vez mais longa. Logo, é natural que o casal queira continuar a sua vida sexual, desde que agradável e gratificante para os dois.
«O pior inimigo de uma sexualidade saudável é o silêncio. É sempre embaraçante falar com o médico sobre como retomar a actividade sexual. É necessário dar o passo em frente e discutir com o médico o tema da sexualidade, da mesma forma com que se discutem os problemas de alimentação ou do regresso ao trabalho. Sem excluir o seu marido ou companheiro deste diálogo, porque ele também será invadido por receios e questões», afirma Catarina Mexia.
Informação acerca dos efeitos do tratamento do cancro sobre as diversas etapas do acto sexual ajuda naturalmente o casal a compreender as alterações fisiológicas e psicológicas que podem ocorrer nesta situação.
Prazer mantém-se
Há que salientar que, apesar de todos os efeitos do cancro ou do seu tratamento, a capacidade de sentir prazer através do toque nunca desaparece. E a sua preservação poderá facilitar a manutenção do interesse e da auto-estima da mulher.
Uma das grandes consequências de uma mastectomia na vida sexual de uma mulher é a deterioração dos seus sentimentos e da sua percepção de continuar a ser uma mulher atractiva. «A remoção de um seio pode deixar a mulher insegura acerca da aceitação pelo seu parceiro e do grau de desejo que ainda possa criar, porque todos fomos ensinados a encarar os seios como uma parte essencial da beleza e feminilidade de uma mulher», salienta a psicóloga.
O peito e os mamilos são fontes importantes de prazer para muitas mulheres, acariciá-los durante os preliminares é muito frequente. O tratamento local de formas menos dispersas de cancro pode afectar a sensibilidade do seio e, consequentemente, alterar ou anular o prazer extraído desse contacto. Por vezes, a dor pode estar presente e é fundamental que a mulher seja capaz de partilhá-la com o seu parceiro, de forma que em conjunto encontrem novos pontos de excitação mútua.
Mastectomia "não é o fim do mundo"
Numa mastectomia radical todo o seio é retirado. Embora algumas mulheres tenham prazer ao ser acariciadas na área em redor da cicatriz, outras preferem não ser tocadas e afastam todas as carícias dos seios dos jogos amorosos. Porque sofrem de dor crónica na parte superior do peito e ombros. Situação que pode ser aliviada se forem utilizadas almofadas como suporte dessas áreas durante o acto sexual.
Eventualmente, será necessário «descobrir» em conjunto novas posições durante o acto sexual. É fundamental manter um espírito aberto para estas alterações e tentar tirar o maior partido da situação, adoptando novas formas de relacionamento sexual.
O que pode esperar uma mulher que gostaria de retomar a sua vida sexual? Pode sentir receio de que o acto sexual seja doloroso ou que nunca mais consiga um orgasmo. «Os primeiros contactos podem ser pouco encorajadores, mas da mesma forma que começamos a gostar do sexo, como parte integrante do nosso crescimento, podemos voltar a fazê-lo na intimidade do casal, e voltar a ter prazer mesmo depois de uma mastectomia radical», conclui Catarina Mexia.
É importante lembrar-se que fazer uma mastectomia não é «o fim do mundo» e que a sua vida sexual pode ser tão boa como era até então. Tente obter a compreensão do seu companheiro, pois, assim será mais fácil enfrentar a dois o desafio. Se necessário, pode recorrer a ajuda médica e há mesmo a possibilidade de fazer psicoterapia.
Dr.ª Catarina Mexia, Psicóloga
in Sapo Saúde
Ontem enquanto almoçava, deparei-me com um programa na televisão, o programa do Manuel Luís Goucha, onde estava uma senhora a falar que tinha tido Cancro da mama em 2005, e que nunca mais foi feliz, a cada palavra uma lágrima...
Fez mastectomia, e não se sente bem com o corpo, não vai a praia, não consegue fazer uma vida "normal".
Acho que aquela senhora, precisava e bastante de aconselhamento psicológico. O que ela ali alegava era se fosse operada para fazer a reconstrução mamária, teria uma vida diferente, mas as listas de espera para essas operações são grandes.
Com o programa consegui uma consulta num hospital, para verem que tipo de operação pode fazer.
Acho que o sistema de saúde deveria dar a mesma importância á reconstrução mamaria como dá à mastectomia, em termos de prioridades.
Bem sabemos que uma é para curar e está a saúde em risco, mas a outra está a felicidade e a felicidade é a saúde do espírito...que é igualmente importante.
É solteira, e acredito que deve ser mais difícil passar por isto tudo, sem ter um homem ao lado, para dar força, carinho e fazer com que não percamos a auto-istima, o amor pelo nosso corpo, o sentirmo-nos bem com o espelho.
Graças a Deus, que para mim, até não tem sido difícil, mas é obvio que tenho como objectivo fazer a reconstrução mamária, tento é não fazer disso um problema...
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