"Sair de um blog sem comentar é como visitar alguém e ir embora sem se despedir..."
Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 2010

A vitória da vida

 

 

(O texto é longo, mas vale a pena ler)

Fonte: Familia Sapo 

 

 

Cada linha deste artigo reflecte uma história de vida que não deve perder.

Pela coragem. Pela determinação. Pela família que ficou com os dias virados do avesso. Pela Sandra, pelo marido que tem estado sempre do seu lado e pelas filhas.

É impossível ficar indiferente à história de Sandra Rodrigues. Com 28 anos e a viver a sua segunda gravidez, recebeu a notícia que jamais queria ouvir: tem cancro de mama. Com uma bebé na barriga e sem tempo para desfrutar da gravidez, Sandra foi obrigada a enfrentar um tumor que foi crescendo sem pedir autorização. Sempre com um sorriso, contou-nos toda esta experiência.

Texto e foto: Cláudia Pinto
 

Ainda faltam dois anos para a Sandra completar o 30º aniversário. Morena, simpática, mãe de duas filhas e lutadora. Características que marcam a forte personalidade da protagonista de uma situação pouco vulgar nos dias que correm.

A filha mais velha de Sandra nasceu no ano de viragem do século, com 3800 gr. Foi uma gravidez perfeitamente normal. Entretanto, Sandra e Lourenço – o marido – começaram a equacionar a hipótese de dar um(a) mano(a) à Sofia. Como a vida nunca parece estar preparada para receber um segundo filho nos dias que correm, Sandra foi adiando tal decisão. Corria o ano de 2007 quando começou a pensar que a diferença de idades de Sofia e uma bebé já seria notória. “Comecei a fazer exames para preparar a gravidez, inclusive ecografia da mama. Tinha sempre de os realizar por precaução porque tenho história de cancro da mama na família da parte do meu pai. Disseram-me que estava tudo bem e que poderíamos avançar. Foi o que nós fizemos!”, conta-nos Sandra.

A nossa entrevistada ia regularmente às consultas de planeamento familiar e preparou rigorosamente a decisão de ter mais um filho. Engravidou em Fevereiro de 2008 e tudo corria bem até que, dois meses depois, começou a sentir um caroço na mama esquerda. “Fui deixando passar porque pensava que estaria associado ao leite. Mais tarde, o caroço começou a doer-me e a fazer comichão. Ainda assim, optei por não falar logo com a médica. Ia apenas às consultas normais de gravidez. Queria viver a gestação tranquilamente e nunca comentei com a especialista. Apenas contei à minha família mas a primeira reacção de todos foi pensar que seria normal e que o caroço estaria relacionado com a gravidez”, explica Sandra.
 

Peito inflamado, dores e incómodo


A certa altura, Sandra já não aguentava muito as dores, custava-lhe a deitar-se em certas posições e o caroço ia aumentando de tamanho. Foi então que decidiu falar com a sua médica que, infelizmente, estava de férias. “A 18 de Agosto, tive de ir levar uma injecção por causa do meu tipo de sangue e pedi à enfermeira para me ver o caroço que me causava mesmo dor. Parecia que latejava! Ela apalpou e teve a infeliz ideia de comentar que me estava a nascer uma terceira mama… Não deve ter feito por mal e até acho que foi essa frase que me fez reagir”. Foi então que Sandra começou a pensar que algo de errado se estava a passar com ela. Nesse mesmo dia, deslocou-se à urgência do Hospital da Estefânia. Estava nas 27 semanas de gravidez. “A médica foi muito simpática, apalpou o peito mas não detectou nada de grave e mandou-me voltar no dia seguinte para tentar ser vista na consulta de Senologia. Foi o que fiz, fui atendida pela Dr.ª Ondina Henriques que já se reformou e que foi muito acessível. Ela apalpou e achou que, como estava grávida, não se podia facilitar e seria preferível fazer todos os exames necessários. Prescreveu-me uma mamografia, uma ecografia e uma biópsia de agulha fina”, acrescenta.

Sandra ainda decidiu ir de férias para o Alentejo – onde vivem os pais – e depois do regresso, dirigiu-se ao Hospital de São José para realizar os exames solicitados que tinham já ficado marcados. Nessa altura, ainda não sabia se a biopsia seria mesmo necessária. No entanto, como a médica não gostou do que viu nos outros exames, optou por realizá-la. “Os exames são um pouco mais dolorosos estando grávida, fui obrigada a usar uma protecção específica para proteger a bebé das radiações da mamografia. Na biopsia, levei menos anestesia do que deveria por estar grávida. Acabou por não ser com agulha fina mas com uma espécie de cânula para retirarem mais tecido. O exame foi muito doloroso. Disseram-me que o resultado estaria pronto de oito a dez dias. Saí de lá de rastos!”

No fim-de-semana seguinte, foi a uma festa no Alentejo mas sentia-se muito cansada. Voltou na 2ª Feira e teve de ir ao Hospital da Estefânia pois tinham agendado uma consulta de gravidez de alto risco. Nessa altura o processo tinha passado para outras duas médicas, Dr.ª Fazila Mahomed, senologista e cirurgiã e Dr.ª Raquel, obstetra.
 

Uma agitação fora do normal


“Comecei a reparar numa agitação um pouco invulgar. A minha prima Lara trabalha no Hospital da Estefânia e andava comigo de braço dado para todo o lado porque ela já sabia o que se passava. Parecia a minha sombra por mais que lhe dissesse para ir trabalhar e para me deixar à espera de ser chamada. Entrei para a consulta da obstetra que decorreu de forma normal. Entretanto, comecei a ver uns papelinhos amarelos em cima da mesa com pedidos de novos exames. Comecei a ler “ecografia abdominal, ecografia ao fígado, ecografia à tiróide... Percebi logo que algo se passava porque numa gravidez normal não há necessidade de realizar estes exames. Perguntei à médica obstetra para que é que seria aquilo mas ela não foi capaz de me dizer nada… A outra médica que me estava a acompanhar pediu à minha prima – que acompanhou a consulta - para ir marcar aqueles exames dos tais papelinhos amarelos. A médica, entretanto, já tinha o resultado dos exames que supostamente iriam demorar oito a 10 dias a estar prontos. Ela disse-me: a Sandra vai ficar internada hoje e vai ter de fazer uma mastectomia radical. O meu cérebro começou a ficar agitado e a pensar como é que poderia realizar uma mastectomia estando grávida”. A prima de Sandra já sabia do que se passava desde 6ª Feira, altura em que todos os especialistas de Senologia e de Obstetrícia planearam minuciosamente a visita de Sandra ao Hospital para realizarem a cirurgia. Depois da consulta, Sandra deu a notícia ao marido que ficou também sem reacção. “A médica mandou-me ir fazer o electrocardiograma, os exames necessários e ir à consulta de anestesia para saberem se podiam avançar com a mastectomia no dia seguinte. Disse-me ainda que iria ser depois levada para o 5º piso para ser internada. Eu tinha acabado de chegar do Alentejo, não tinha preparado nada e não nem sequer me deram oportunidade de ir a casa. Não tinha roupa nem objectos pessoais. Fiz todos os exames muito nervosa e as pessoas que se cruzavam comigo no hospital ficavam com as lágrimas nos olhos porque este quadro clínico habitualmente já é mau mas numa pessoa grávida, ainda é pior”, confessa.
 

 

Postado por Isa às 12:16
link | comentar | ver comentários (11) | favorito
partilhar

.Eu

.Contacto

isabelguerreiro@net.sapo.pt

.links

.posts recentes

. A vitória da vida

.arquivos

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

.favoritos

. Está a chegar o final do ...

. Tia Bia

. Novo passo no tratamento ...

. Avó Nena

. Tia Bia

. Amor

. Mãe

. Pai

. Manas

. Obrigado

.Junho 2013

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30

.pesquisar

 
Todos os artigos e matérias publicadas neste blog, bem como as informações sobre procedimentos de exames e diagnósticos aqui inseridos, têm carácter estritamente informativo e não devem ser utilizadas de forma alguma para a realização de auto-diagnóstico, auto-tratamento e ou auto-medicação. Em caso de dúvidas, consulte o seu médico.

.últ. comentários

Boa tarde, onde se encontra um médico especialista...
Eu gosto do jeito que você escreve
Eu gosto de seu pensamento e sua maneira de escrev...
Gostaria de saber se alguém tem conhecimento de se...
Boa tarde,Por acaso estou a passar pela situação e...
Bom dia gostaria de saber uma informação como sou ...
Tenho linfoma cutâneo doença crônica e sem cura , ...
tumor benigno na cabeca do colo do femur. grau de ...
https://escritosdispersos.blogs.sapo.pt/222610.htm...
No processo de revisão ou reavaliação, o grau de ...

.mais comentados

11 comentários

.tags

. todas as tags